Saiu na Imprensa

Vejam o que os jornais falaram sobre a publicação das obras de Cicinato Ferreira Neto. acesso em http://diariodonordeste.globo.com/m/materia.asp?codigo=603399

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=408050



sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Adeus, Alcino!

Alcino Alves Costa era o Caipira de Poço Redondo, o pesquisador admirável, o nosso mestre da pesquisa cangaceira. Hoje, no dia de Finados, ficamos tristes com sua partida, mas, ao mesmo tempo, felizes porque você venceu a sua dor... Eu fui seu discípulo e continuarei sendo. Que todos os pesquisadores e leitores possam reverenciá-lo! Seus livros nunca morrerão. Mas o sertão ficou mais pobre, mais desanimado. Que Deus o tenha!

sábado, 5 de maio de 2012

Livros do Nordeste 11

Um livro, digamos, imprescindível, para quem acompanha a trajetória de Virgulino Ferreira é "Lampião em Mossoró", de Raimundo Nonato. Não se trata de romance, trabalho jornalístico ou ensaio específico sobre a passagem de Lampião pela cidade potiguar em meados de 1927. Mas é um livro riquíssimo, com certeza o que traz maior número de fontes sobre o episódio. Raimundo Nonato, um dos maiores escritores do Oeste potiguar, autor de excelentes obras sobre Jesuíno Brilhante e sobre a passagem da Coluna Prestes pelo município de São Miguel, publica trechos de jornais mossoroenses da época, depoimentos de bandoleiros, crônicas, relatórios, versos, informações de testemunhas, enfim, uma ampla variedade de informações que, juntas, compõem o melhor acervo sobre a intrigante passagem do Rei do Cangaço pelas terras do oeste potiguar. O próprio autor esclarece para o leitor: "Esta não é propriamente a história de Lampião [...]. O propósito real dessa publicação, outro não é senão, o de levantar do esquecimento, do pó dos arquivos e das páginas dos velhos jornais da época, o noticiário exato e a descrição minuciosa das cenas de vandalismo, praticadas pelo grupo de Virgulino Ferreira, na sua passagem pela Zona Oeste do Rio Grande do Norte".
Trecho significativo: (edição utilizada: sexta edição, Mossoró, Coleção Mossoroense, série C, volume 1489, 2005): "Esse tempo relâmpago, de menos de cem horas, tanto quanto levou o grupo de Lampião no Rio Grande do Norte, permitiu, contudo, à malta desenfreada percorrer um número de léguas quase inacreditável, pois cobriu, em viagem batida de quatro dias apenas, um percurso que anda perto de 400 quilômetros, com uma poderosa cavalaria de montada, apetrechos de guerra, prisioneiros, animais de muda e mais de 60 combatentes, poderosamente armados, para qualquer eventualidade.
Nesse itinerário de lutas, depredações e violências, coberto entre 10 e 13 de junho de 1927, o grupo sinistro deixou, da sua passagem uma crônica de horrores, de morticínio e de miséria. [...]
 Este fato, como acentua Mário de Andrade, é um dos pontos culminantes da vida do trabuqueiro de Vila Bela". (p.12-13)   

sábado, 31 de março de 2012

Livros do Nordeste 10



"Lampião" - Ranulfo Prata -





Livro escrito por um médico sergipano em 1933, ainda no calor da luta contra o cangaço. Ranulfo, já renomado escritor, fala da campanha das volantes e policiais contra os cangaceiros depois da Revolução de 1930. Escreve sobre as crueldades cometidas pelos cangaceiros em território sergipano, sobre a figura de Virgulino Ferreira da Silva e sobre o drama diário dos sertanejos diante da violência (da polícia e dos bandoleiros) e de problemas como a seca de 1932. O livro de Ranulfo Prata, cuja edição renovada teve a introdução de Antônio Amaury Correa de Araújo, teve grande repercussão nos turbulentos anos 1930 e, segundo depoimento, teve exemplar que chegou a ser conhecido pelo próprio Lampião.





Trecho significativo (Edição utilizada: Traço Editora, São Paulo, sem data): Sobre características de Lampião -





"Contando atualmente 33 anos, Virgulino Ferreira é cor de bronze-escuro, tem 1m,80 de altura, torso másculo, cabelos pretos, lisos e compridos, caídos sobre os ombros, feições duras, mas harmônicas, sem nenhum estgima físico de atavismo. Excelente dentadura. O olho direito, cego por um garrancho de jurema, lacrimeja constantemente, protegidos por óculos de aros de ouro. Membros inferiores adelgaçados e finos, em relação ao tronco. Pés secos, descarnados, entremostrando os tendões, enfiam-se em alpercatas, chuviscadas de ilhozes multicores. Os músculos das suas panturrilhas de andarilho repontam em relevo nutrido, como numa perfeita dissecação anatômica de anfiteatro.





O que mais impressiona no seu físico chocante são as mãos, são terríficas, expressivas, revelando um temperamento, uma vida. Extraordinariamente longas, no dorso, sobre um leque de tendões enrijados, dançam-lhe arabescos escuros de veias turgidas; recobre-lhe as palmas uma crosta áspera e acizentada como pele de batráquio; os dedos finos, ósseos, compridos, terminados em unhas córneas e ponteagudas, enegrecidas como equimoses, ostentam inúmeros anéis, falsos e verdadeiros. Mãos ferozes, convulsivas, astuciosas, brutais e ávidas. Parecem sempre febris, frementes, animadas de estranha vida como se cada músculo e cada nervo estivessem a receber continuamente a excitação de uma agulha elétrica.[...]" (pag. 26)

terça-feira, 20 de março de 2012

Cariri Cangaço: Força ao Decano Caipira de Poço Redondo !

Cariri Cangaço: Força ao Decano Caipira de Poço Redondo !: Comunicamos a toda família Cariri Cangaço, que nosso Conselheiro do Conselho Consultivo, pesquisador, escritor, radialista, poeta, Alcino A...

domingo, 4 de março de 2012

Livros do Nordeste 9

Lampião e o Estado Maior do Cangaço - Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena - Estudo feito por dois estudiosos do Cariri cearense sobre os maiores nomes do cangaço no Nordeste: Lampião, Luís Pedro, Labareda, Sabino Gomes, Massilon, os irmãos Engrácia, Antônio Matilde, Antônio Ferreira, Livino Ferreira, Jararaca, entre outros.
Edição utilizada : 2ª edição, Fortaleza, Gráfica Encaixe, 2004 (a primeira edição é de 1995).
Trecho significativo:
Declarações do cangaceiro Oliveira aos pesquisadores sobre Lampião:
"Durante o tempo que andei com Lampião, quando a gente entrava no Ceará, ele dizia logo: - Coidado, qui é um istado qui eu arrespeito! E ninguém tomava nada de ninguém, não matava ninguém. Lampião não gostava de dar surras, dizia: Prá pegá um pobi, um paisano dizarmado dá u'a pisa, não é vantage prum homi. Vantage prum homi é falá arto prá ôto homi armado! Não se dava bolos. As moças tinham que ser respeitadas. O padre Cícero tinha pedido para ele respeitar moças, senhoras casadas e seus romeiros, dizendo que se fizesse isso, ele morreria velho em sua cama. Quando entrô no Juazeiro, deram-lhe armas, fardamento e a patente de capitão prá deixar aquela vida, mas o governo e a polícia do Pernambuco não deixaram. Lampião dizia:
Ninguém quêra si apossá de muié de vergon'ia o que mi dizibedecê eu atiro pra matá! E se o o cabra teimasse, morria mesmo".
O tratamento dos feridos era uma coisa desmantelada. Lavava-se era com cachaça, pois não havia álcool e colocava-se emplasto de sal com pimenta. Nunca fui ferido, mas vi muito baleado sofrer com ferimento aberto e tendo que andar sem parar, correndo da polícia. Se o ferimento era grande, deixava-se o baleado com algum coiteiro. Quando não tinha jeito, se abreviava a morte do companheiro, a pedido dele mesmo como foi feito com Sabino". (p. 204-5).

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Padre Cícero e Lampião

Gostaria também de participar do debate sobre o relacionamento entre o padre Cícero e Lampião. Como pesquisador e estudioso do cangaço, gostaria de ressaltar os aspectos seguintes:
a) Não acredito na hipótese de que o padre Cícero tenha sido o responsável direto pelo deslocamento do bando de Lampião à cidade de Juazeiro em 1926. A presença de Lampião na "Meca do Cariri", na verdade, constituiu-se um grande empecilho para o padre, criticado diariamente nos jornais da capital, especialmente "O Nordeste" por ser um suposto protetor de bandidos. Os homens ligados a Floro Bartolomeu e ao Batalhão Patriótico, encarregados de combater a Coluna Prestes, usaram a influência do sacerdote para conseguir convencer Lampião a ir para o Juazeiro. O padre, desnorteado pelos acontecimentos (Floro agonizava no Rio de Janeiro e morreria logo em seguida), foi incapaz de evitar a chegada dos cangaceiros;
b) Alguns escritores enfatizam que o padre protegia a família de Lampião em Juazeiro e que, por isso, mantinha contatos diretos com ele. Na célebre visita do cangaceiro, em março de 1926, Lampião teria sido inclusive recebido pelo padre Cícero. Não há provas irrefutáveis de que isso tenha acontecido. Mas, controvérsias à parte, o que se observou é que, no período depois do ano de 1927, ninguém mais falou de algum contato entre Lampião e o Padre. As supostas cartas que o sacerdote enviava ao chefe cangaceiro não foram mais mencionadas. Lampião, vaidoso como era, não deixaria de mencionar, aos quatro ventos, o recebimento de uma carta dessas ? ou não?
c) sobre o relacionamento entre Lampião e o padre Cícero, acho que era o chefe cangaceiro que fazia tudo para alardear uma suposta tolerância do religioso à existência do seu bando. Lampião aproveitava-se do temperamento do taumaturgo e propagandeava isso como um apoio. Na verdade, o padre acolheu multidões e, homem do seu tempo, teve que conviver com facínoras e homens cruéis. O preço a pagar pela sua liberalidade foi ser visto, pelas gerações posteriores, ora como pusilânime, ora como coiteiro, ora como um coronel de batina.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Novas pesquisas

Estou há meses no Arquivo Público do Ceará procurando documentos oficiais sobre a atuação da Polícia Militar nos anos 1920, quando o cangaceirismo estava no auge. Por enquanto, pouco progresso, apesar do grande esforço. São caixas com muitos registros (telegramas, ofícios, informações) e muitas delas estão estão sem catalogação, o que força o historiador ou pesquisador a averiguar todo o seu material em busca de um dado precioso e que ficou escondido nos calhamaços.
Estou surpreso com a falta de informações mais relevantes sobre o cangaço - e especialmente sonre Lampião - nos documentos oficiais da Polícia cearense, embora se saiba que os jornais da época falassem sobre supostas irregularidades como a facilitação à ação de cangaceiros no Cariri cearense. A falta de maiores informações é daqueles detalhes que levam o pesquisador a levantar hipóteses meio esdrúxulas: não seria mais conveniente para as autoridades da época esconder certas coisas ?
Não estou frustrado a ponto de abandonar as pesquisas. Em breve, neste blog, estarei compartilhando com os amigos os resultados e as descobertas.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Livros do mestre

Acabei de receber o livro "Dadá e Corisco", do mestre Antônio Amaury Corrêa de Araújo. Em breve, o grande especialista prometeu o envio de "Maria Bonita". Ambos os livros foram impressos em Salvador graças ao patrocínio da Assembleia Legislativa da Bahia.
Do mestre Amaury já tenho "Como morreu Lampião", o primeiro dos seus clássicos, "Lampião, segredos e confidências do cangaço" e "Lampião e as cabeças cortadas". Quem precisa conhecer o cangaço, especificamente do tempo de Lampião e de cangaceiros como Corisco e Maria Bonita, não pode deixar de ler as obras significativas do mestre.