Saiu na Imprensa

Vejam o que os jornais falaram sobre a publicação das obras de Cicinato Ferreira Neto. acesso em http://diariodonordeste.globo.com/m/materia.asp?codigo=603399

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=408050



sábado, 31 de março de 2012

Livros do Nordeste 10



"Lampião" - Ranulfo Prata -





Livro escrito por um médico sergipano em 1933, ainda no calor da luta contra o cangaço. Ranulfo, já renomado escritor, fala da campanha das volantes e policiais contra os cangaceiros depois da Revolução de 1930. Escreve sobre as crueldades cometidas pelos cangaceiros em território sergipano, sobre a figura de Virgulino Ferreira da Silva e sobre o drama diário dos sertanejos diante da violência (da polícia e dos bandoleiros) e de problemas como a seca de 1932. O livro de Ranulfo Prata, cuja edição renovada teve a introdução de Antônio Amaury Correa de Araújo, teve grande repercussão nos turbulentos anos 1930 e, segundo depoimento, teve exemplar que chegou a ser conhecido pelo próprio Lampião.





Trecho significativo (Edição utilizada: Traço Editora, São Paulo, sem data): Sobre características de Lampião -





"Contando atualmente 33 anos, Virgulino Ferreira é cor de bronze-escuro, tem 1m,80 de altura, torso másculo, cabelos pretos, lisos e compridos, caídos sobre os ombros, feições duras, mas harmônicas, sem nenhum estgima físico de atavismo. Excelente dentadura. O olho direito, cego por um garrancho de jurema, lacrimeja constantemente, protegidos por óculos de aros de ouro. Membros inferiores adelgaçados e finos, em relação ao tronco. Pés secos, descarnados, entremostrando os tendões, enfiam-se em alpercatas, chuviscadas de ilhozes multicores. Os músculos das suas panturrilhas de andarilho repontam em relevo nutrido, como numa perfeita dissecação anatômica de anfiteatro.





O que mais impressiona no seu físico chocante são as mãos, são terríficas, expressivas, revelando um temperamento, uma vida. Extraordinariamente longas, no dorso, sobre um leque de tendões enrijados, dançam-lhe arabescos escuros de veias turgidas; recobre-lhe as palmas uma crosta áspera e acizentada como pele de batráquio; os dedos finos, ósseos, compridos, terminados em unhas córneas e ponteagudas, enegrecidas como equimoses, ostentam inúmeros anéis, falsos e verdadeiros. Mãos ferozes, convulsivas, astuciosas, brutais e ávidas. Parecem sempre febris, frementes, animadas de estranha vida como se cada músculo e cada nervo estivessem a receber continuamente a excitação de uma agulha elétrica.[...]" (pag. 26)

terça-feira, 20 de março de 2012

Cariri Cangaço: Força ao Decano Caipira de Poço Redondo !

Cariri Cangaço: Força ao Decano Caipira de Poço Redondo !: Comunicamos a toda família Cariri Cangaço, que nosso Conselheiro do Conselho Consultivo, pesquisador, escritor, radialista, poeta, Alcino A...

domingo, 4 de março de 2012

Livros do Nordeste 9

Lampião e o Estado Maior do Cangaço - Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena - Estudo feito por dois estudiosos do Cariri cearense sobre os maiores nomes do cangaço no Nordeste: Lampião, Luís Pedro, Labareda, Sabino Gomes, Massilon, os irmãos Engrácia, Antônio Matilde, Antônio Ferreira, Livino Ferreira, Jararaca, entre outros.
Edição utilizada : 2ª edição, Fortaleza, Gráfica Encaixe, 2004 (a primeira edição é de 1995).
Trecho significativo:
Declarações do cangaceiro Oliveira aos pesquisadores sobre Lampião:
"Durante o tempo que andei com Lampião, quando a gente entrava no Ceará, ele dizia logo: - Coidado, qui é um istado qui eu arrespeito! E ninguém tomava nada de ninguém, não matava ninguém. Lampião não gostava de dar surras, dizia: Prá pegá um pobi, um paisano dizarmado dá u'a pisa, não é vantage prum homi. Vantage prum homi é falá arto prá ôto homi armado! Não se dava bolos. As moças tinham que ser respeitadas. O padre Cícero tinha pedido para ele respeitar moças, senhoras casadas e seus romeiros, dizendo que se fizesse isso, ele morreria velho em sua cama. Quando entrô no Juazeiro, deram-lhe armas, fardamento e a patente de capitão prá deixar aquela vida, mas o governo e a polícia do Pernambuco não deixaram. Lampião dizia:
Ninguém quêra si apossá de muié de vergon'ia o que mi dizibedecê eu atiro pra matá! E se o o cabra teimasse, morria mesmo".
O tratamento dos feridos era uma coisa desmantelada. Lavava-se era com cachaça, pois não havia álcool e colocava-se emplasto de sal com pimenta. Nunca fui ferido, mas vi muito baleado sofrer com ferimento aberto e tendo que andar sem parar, correndo da polícia. Se o ferimento era grande, deixava-se o baleado com algum coiteiro. Quando não tinha jeito, se abreviava a morte do companheiro, a pedido dele mesmo como foi feito com Sabino". (p. 204-5).