Saiu na Imprensa

Vejam o que os jornais falaram sobre a publicação das obras de Cicinato Ferreira Neto. acesso em http://diariodonordeste.globo.com/m/materia.asp?codigo=603399

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=408050



terça-feira, 22 de novembro de 2011

Livros do Nordeste 8

Em 2006, foi publicado o livro "Cangaceiros", da francesa Élise Jasmin. Trata-se de uma edição de luxo, trazendo as fotos conhecidas dos cangaceiros e dos principais componentes de volantes. A maioria das fotos é do acervo de Benjamim Abraão, da década de 1930. Quase todas as fotografias são comentadas pela autora. Destaque para um escrito introdutório do mestre Frederico Pernambucano de Mello. O livro ressalta-se pela beleza e pelo cuidado na sua edição, embora tenha pequenos defeitos, entre os quais a indicação errônea de alguma fotografia ou de algum detalhe como o nome de um cangaceiro.
Estrutura: Texto de Frederico Pernambucano; A Guerra das Imagens; Fotografias de Cangaceiros e componentes das volantes; Comentários sobre as imagens.
Trecho significativo (edição utilizada: São Paulo, Terceiro Nome, 2006, p. 23-24):
"Enquanto seus predecessores tinham feito de sua existência no cangaço um meio de obter vingança, após 1926 - e, mais especificamente, a partir dos anos 1930 - o grupo de Lampião fez do cangaço um meio de adquirir bens materiais, riquezas, e uma notoriedade que lhe permitia obter respeito de parte da classe abastada da sociedade do sertão e de algumas personalidades da vida pública e política da região. Embora muitos jornalistas fizessem questão de demonstrar desprezo por um grupo de indivíduos que se limitavam a imitar a sociedade do litoral, Lampião e seus cangaceiros exerciam sobre eles certo fascínio, gerado por essa mistura de riqueza, extravagância e barbárie. E, mesmo a contragosto, os jornalistas desempenhariam seu papel, publicando muitas fotografias e falando recorrentemente desses personagens de romance. Não foi por acaso que, em 1936, Lampião aceitou ser fotografado - e, principalmente, filmado - por Benjamim Abrahão. Sempre desconfiado dos jornais que publicavam artigos sobre ele cujo conteúdo não podia controlar, Lampião certamente compreendeu que as fotografias e o filme de Benjamim Abrahão lhe permitiriam impor uma imagem sobre a qual nenhuma intervenção, nenhuma distorção seria possível. E se, por um lado, diversos autores e jornalistas divertiam-se evocando a inabilidade de sua linguagem, que evidenciava suas origens camponesas, sua representação fotográfica e cinematográfica, muda e incontestável, deveria mostrar claramente seu sucesso e o de seu grupo. Benjamim Abrahão desempenhou seu papel e pagou caro: morreu em Águas Belas, Pernambuco, no dia 9 de maio de 1938, com 42 golpes de faca".

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Livros do Nordeste 7

O padre José Antônio de Maria Ibiapina foi um dos grandes apóstolos do Nordeste, dedicando-se à população pobre dos estados de Pernambuco, Paraíba e Ceará. Suas missões começaram em 1853 e, nas décadas de 1860 e 1870, construiu inúmeras casas de caridade no sertão nordestino. A "Crônica das Casas de Caridade fundadas pelo padre Ibiapina" é um relato significativo sobre as atividades notáveis do padre, ex-juiz e ex-advogado, filho de um revolucionário de 1824. As "crônicas" foram publicadas e comentadas pelo religioso Eduardo Hoornaert, autor da "História da Igreja no Brasil".
Estrutura: Introdução sobre a ação missionário do padre Ibiapina; Crônica das Casas de Caridade; Comentário do mapa das viagens ibiapinianas.
Trecho significativo (edição utilizada: Fortaleza, Museu do Ceara, SECULT, 2006, p. 188 - Sobre a grande seca de 1877- conservando a grafia original: "Apparecêo neste anno huma grande secca e trouxe comsigo a fome e achou quaze todos nús, e meo Pai determinou que do que havia na Caridade se repartisse com os pobres peregrinos, e assim se fazia; dava-se a todos os necessitados o alimento e vestiário, não só para aquelles que vinhão em pessôa pedirem no portão, mas para levarem para aquelles que dizião ficavão escondidos no matto por não poderem apparecêr por estarem nús.
No meio desse escuro tempo pela tempestade de mizeria estava tranquilo discançando das fadigas de tão penoza posição à sombra da confiança em Deos, e esta confiança nos corrobora o espírito, que não nos assusta o futuro por mais escuro e horrorozo que nos pareça".

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Livros do Nordeste 6

Também em 1982 surgia "Lampião, o cangaceiro e o outro", de Cláudio Bojunga e Fernando Portela. Trata-se de uma coletânea com interessantes artigos jornalísticos sobre a vida de Lampião e sobre o cangaço. São entrevistas, impressões, relatos de pessoas que conviveram com o célebre cangaceiro. Um livro que não cansa, que sempre traz detalhes preciosos para a história do cangaço.

Estrutura: A morte de Lampião; A terra de Lampião; Relato sobre Mossoró e Jararaca; Lampião em Capela-1929; Lampião em Capela-1930; Mané Neto; Lampião e Padre Cícero; Coiteiros; Dadá e Corisco; Outros cangaceiros.

Trecho significativo (edição utilizada: Traço Editora, São Paulo, 1982, p. 53): Sobre Mané Neto, um dos maiores adversários de Lampião: "Magro, alto, elegante, to do vestido de azul-celeste, lá está o coronel Mané Neto. Se não fosse aquele Taurus 38, cano médio, na cintura, ele poderia ser definido como um velhinho simpático e indefeso. Indefeso, jamais: quando me aproximei dele, um tanto bruscamente, brecando o carro a poucos metros, a mão (fina, delicada) do coronel ameaçou puxar o Taurus da cartucheira. Mas um grito - 'É jornal, coronel! É do jornal!' - guardou os reflexos do coronel para outra ocasião. Mas ele ainda desconfiou:

- Abra a porta do carro, meu filho. Vamos, desça, venha cá. Devagar.

A voz é pausada, suavíssima, é quase uma sonata. Vamos manter o simpático na definição do coronel. Ou melhor: vamos chamá-lo de encantador. Mesmo quando ele, escudando-se em desculpas gentilmente, diz que não vai falar de homens sagrados, cabeças cortadas, atrocidades de um modo geral. Não, ele não vai falar de jeito nenhum sobre a fama dele: o mais feroz e destemido caçador de cangaceiros de que já se ouviu falar. A opinião - de ex-cangaceiros e policiais da época - é unânime. O próprio Lampião dizia dele: 'Se os macacos vier sem Mané Neto é como se não fosse nada'. Ou: 'Se Mané Neto chegou, precurem sarvar metade da vida que a outra já foi'. Os cangaceiros sobreviventes chegam a fazer caretas quando se toca no nome dessa gentil criatura. Segundo eles, Mané Neto jamais poupou a população civil que, supostamente, não lhe queria dar a direção de Lampião. Os colegas de Mané Neto elogiam a sua bravura, sem cair em detalhes".

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Livros do Nordeste 5

Em 1982, a Traço Editora lançava "Assim Morreu Lampião", de Antônio Amaury Corrêa de Araújo. Dr.Amaury, como o chamamos, é um dos maiores especialistas da história do cangaço. Teve contato com um grande número de cangaceiros e fez inúmeras visitas ao sertão em busca de informações sobre a epopéia cangaceira. "Assim Morreu Lampião" proporciona uma leitura muito interessante sobre os últimos dias do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva na grota do Angico, divisa de Sergipe e Alagoas, em julho de 1938. O autor narra, expõe depoimentos de pessoas que testemunharam os acontecimentos e publica fotos clássicas do cangaço.
Estrutura: A grota de Angico; Depoimentos de familiares, depoimentos de cangaceiros; depoimentos de volantes; o coiteiro; O combate; Reconhecimento dos corpos; Análise dos fatos; A morte de Lampião segundo noticiário dos jornais da época; Como morreu Pedro de Cândido.
Trecho significativo (edição utilizada: Traço Editora, São Paulo, 1982, p. 51-52):
"As conclusões a que chega o pesquisador, a luz dos fatos expostos, são as seguintes:
1) Esclareçamos em primeiro lugar que Angico, que em certos jornais e revistas aparece como sendo uma espécie de fortaleza de Lampião, não era nada disso. Nem mesmo chegava a ser um coito velho (por coito velho, no vocabulário dos cabras, entenda-se lugar de permanência prolongada; como exemplo podemos dar o coito do Cangalêcho, onde morreu Mariano, Pae Véio foi degolado ainda vivo e Pavão também teve ali seu fim, estavam ali a mais de 3 meses) autores afirmam que Lampião quase fizera da Angico, uma fazenda, uma moradia!!!
Como se um cangaceiro pudesse, a seu bél prazer, ficar estacionado, parado, quieto, descançado, muito tempo em algum lugar.
Tinha que andar se deslocando constantemente para confundir as volantes e escapar a sua perseguição.
Lampião, com sua grei, chegara de Alagoas no dia 26, essa é que é a verdade, ou um pouco antes, no dia 21 de julho.
Segundo Zé Sereno, Cila, Criança e Dadá foi a essa terceira visita feita a fatídica grota. As outras duas foram simples paradas, coisa de horas, na realidade foram mais pequenos descansos, pausas ou intervalos em viagens longas e cansativas.
Ouvisse Lampião seus lugares tenentes e não morreria ali.
Corisco não gostara da localização do coito nem de suas possibilidades de defesa ou fuga.
Zé Sereno não gostara dali por outra razão, duvidava da fidelidade do coiteiro Pedro, de Cândido.
Mas Pedro não traia Lampião. O vaqueiro alagoano, Jóca, da fazenda Capim foi (segundo o soldado Santo, da volante de João Bezerra) o delator que causou, com a prisão e tortura de Pedro, a morte de Lampião".

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Pesquisas

Recentemente, eu perambulei pela Chapada do Apodi para tirar fotos dos locais visitados pelos cangaceiros de Lampião quando fugiram de Mossoró em junho de 1927. Sempre que puder, vou disponizar neste blog estas fotografias. A primeira delas mostra ruínas da antiga casa de Anísio Batista, na localidade de Lagoa do Rocha, municipio de Limoeiro do Norte. Lampião e seus cabras, quando entraram no Ceará, em 14 de junho, passaram inicialmente por este local.