Saiu na Imprensa

Vejam o que os jornais falaram sobre a publicação das obras de Cicinato Ferreira Neto. acesso em http://diariodonordeste.globo.com/m/materia.asp?codigo=603399

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=408050



segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Livros do Nordeste - 4

Em 1970, surgia, em inglês, a obra "Miracle at Joaseiro", do americano Ralph Della Cava. A primeira edição brasileira, com a tradução de Maria Yedda Linhares, é de 1976. "Milagre em Joaseiro" é um livro clássico sobre o fenômeno do messianismo em Juazeiro do Norte e foi  produto de pesquisas realizadas no Cariri dos anos 1960. É uma obra que mescla biografia e estudo social, político e econômico do Vale caririense. Pela agudeza e profundidade de suas colocações, inclusive quanto ao papel do padre Cícero, tornou-se um livro obrigatório para os que se interessam pela história do Nordeste brasileiro e pela figura carismática do Patriarca de Juazeiro.
Estrutura: As origens sociais do milagre; O conflito eclesiástico; Da religião à política; Padre Cícero ingressa na política; Joaseiro pede autonomia; Cariri quer o poder estadual; Joaseiro no plano nacional; O patriarca e a Igreja; Os últimos dias.
Trecho significativo (edição utilizada: 2ª edição, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985):
"Na medida em que a economia moderna estendia seus sistemas de produção, salário, crédito e bancos em áreas até então adormecidas, coube ao Patriarca procurar impedir que algumas das consequências 'negativas' deste processo destruísse a ordem social. No Nordeste, uma nova onda de banditismo profissional era apenas um dos sintomas da adaptação fortuita da região à economia capitalista moderna. Diferentemente do banditismo político e remunerado, que fora criado e protegido pelos coronéis antes de 1914, o banditismo profissional dos anos 20 se caracterizou pelo surgimento de pequenos bandos de homens desgarrados, cuja liderança era entregue a um dos seus próprios membros. O arquétipo do cangaceiro moderno foi o Robin Hood brasileiro Antônio Virgulino Ferreira, o célebre Lampeão. Respeitando, por vezes, as classes mais pobres, sua carreira de revolta e de destruição em grande escala da propriedade provocou o terror em todas as classes - chefes do sertão e autoridades governamentais. Antes de Lampeão e de outros do mesmo gênero (cuja importância na história social moderna do Brasil ultrapassa os limites do presente livro), o Patriarca pregava contra o emprego da violência e recomendava o arrependimento. Quando Lampeão e seu bando entraram em Joaseiro, em 1926, presumivelmente a convite do dr. Floro para auxiliar a combater a coluna Prestes, a imprensa das cidades do Nordeste aproveitou-se da ocasião para castigar o padre Cícero com a acusação de 'protetor de bandidos'. O padre, porém, replicou que o seu único interesse estava em convencer Lampeão e seu bando a abandonarem o caminho errado e retirarem-se para o interior do mato Grosso, onde poderiam ser agricultores e recomeçar uma vida honesta.
Os conselhos pacifistas do Patriarca só eram levados em consideração em tais casos extremos de desordem social. Por esse motivo, o clérigo instou, pessoalmente, pela criação, no final da década dos 20, de um batalhão do exército em Joaseiro. Objetivava com isso manter a paz e alistar no serviço militar os elementos mais recalcitrantes da sociedade sertaneja. Floro, que em 1914 e ainda alguns anos mais tarde pediu em pessoa a prisão de vários bandidos profissionais que se tinham infiltrado em Joaseiro, foi quem melhor sintetizou a ação eficaz do padre Cícero em prol da sociedade conservadora em transição. Na defesa que fez do Patriarca perante a Câmara Federal, em 1923, foi o discurso de Floro interrompido, várias vezes, pelos deputados, que reforçavam a impressão que Floro procurava transmitir: 'O padre Cícero é um elemento de ordem naquele sertão... Sem ele, o governo não poderia manter a ordem ali; esta é a verdade'."   

domingo, 30 de outubro de 2011

Alcino Alves Costa

Todos nós, pesquisadores e entusiastas da temática Cangaço e Nordeste, estamos torcendo pela recuperação total do nosso confrade Alcino Alves Costa, relevante autor sergipano, autor de "Lampião em Sergipe" e "Lampião Além da Versão". O "Caipira de Poço Redondo", com certeza, estará brevemente de volta às pesquisas e aos debates.

domingo, 23 de outubro de 2011

Cariri Cangaço 2011

A conferência em Aurora falou do mistério sobre a participação de Isaías Arruda e Major Moysés Figueiredo em trama contra Lampião. Havia também suspeita de que Lampião tinha sido beneficiado pela "omissão" dos dois. Mais um grande enigma do cangaço.

Preservação da Memória

Ontem, na acolhedora cidade de Russas, interior do Ceará, participei de um interessante debate sobre transformações sociais e preservação da memória. O evento contou ainda com a participação dos professores Rameres Regis, da UECE, e de Rômulo Jerri Andrade, da rede pública russana.
O encontro foi promovido pela Casa de Amigos de Russas (CARUS) e fez parte do XIII Encontro Cultural de Russas.
As intervenções dos professores foram muito relevantes. Rameres ressaltou o aspecto político na salvaguarda dos monumentos históricos. Enfatizou ainda que a política de preservação toma caminhos esdrúxulos quando escolhe conservar um monumento e, ao mesmo tempo, permite destruir locais significativos para uma comunidade inteira, como vem ocorrendo em áreas que são inundadas por barragens. Rômulo Jerri enfatizou o desinteresse dos jovens em relação ao assunto e observou que uma política de preservação e de estímulo à cultura precisa passar pela educação popular.
Eu comecei minha fala citando o francês Jacques Le Goff que enfatizara em suas obras o nicho de poder que envolve o caráter de preservação da memória. Um poder relevante, que escolhe o que lembrar e o que esquecer. Nossa história nordestina é cheia de lacunas, esquecimentos, falácias. Também dei relevância ao aspecto do pertencimento. Como exigir que as pessoas preservem o patrimônio e a memória se eles não são significativos para elas ? É preciso estabelecer mecanismos para garantir a ligação dos cidadãos aos seus lugares e aspectos de memória.
No final do encontro, Hider Albuquerque, um dos organizadores, comunicou que a CARUS planeja levar ao Forum Municipal de Cultura de Russas um projeto de conservação da memória do município.    

sábado, 22 de outubro de 2011

Livros do Nordeste 3

Escrito aproximadamente em 1930, o livro do grande folclorista cearense Leonardo Mota, "No Tempo de Lampião", ressalta os costumes e o linguajar do povo sertanejo. O título do livro, para mim, não é muito adequado. Especificamente sobre o cangaço e Virgulino Ferreira da Silva, as informações são muito restritas.
Estrutura: Escritos sobre cangaceiros (Quem escreveu a patente de Lampião, A morte do Jararaca, A prisão de Antônio Silvino, Um precursor de Lampião, Lampião e seus perseguidores), Anedotário, Adagiário e Notas sobre a Poesia e Linguagem Populares.
Trecho significativo (edição utilizada: 3ª edição, Fortaleza, ABC Editora, 2002, Prefácio de Fran Martins):
"Enrolei o meu cigarro de palha e pedi ao fazendeiro em cuja casa me hospedara me dissesse o que pensava das polícias que dão combate aos cangaceiros, Ele entupiu as ventas com uma pitada de 'torrado' rescendente a cumaru, limpou o bigodão com a manga da camisa, aprumou-se na tripeça e não tardou em me dizer:
- Quero mais ante me ver neste oco de mundo, às mvolta com bandido que com soldado de poliça. Me creia que os mata-cachorro, quando sai da capital, vem com o pensamento fixe em que todo matuto protege cangaceiro. Querem, por fina força, que a gente descubra o roteiro dos criminoso. Se o freguês diz que iguinora, apanha pra descobrir; se descobre, também apanha, porque é sinal que conhecendo, protege quem eles caçam. Não tem pronde correr: ninguém escapa...
- E os bandoleiros?
-Abém, esses estão no seu papel. Assim mesmo, tem vez que a questão é saber tirar eles com jeito. A não ser um ou outro cabra desalmado, eles só fazem mal a nós quando andam aperreados pela poliça, quando desconfiam que se deu notiça deles à tropa do governo, ou quando, precisando de dinheiro, sabem que o sabagante tem em casa, mas não dá porque não quer.
- Admiro-me de Sr. falar assim: tenho sabido e apurado tanta crueldade de Lampião...
- Sim, me entenda: eu falo do tempo de Antônio Silvino, Luís Padre, Sebastião Pereira e outros, pois esse tal de Virgolino, com a graça de Maria Santíssima, nunca me apareceu aqui, não. Vejo dizer que esse Lampião é um satanás de perverso..." (p. 41).      

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Comentário de Archimedes Marques sobre o livro de Alcino Alves Costa

Transcrevo abaixo o comentário de Archimedes Marques sobre o livro de Alcino Alves Costa, "Lampião em Sergipe":
"A Editora Diário Oficial do Estado de Sergipe, através da SEGRASE, lançou oficialmente em Aracaju, no dia de ontem, 19 de outubro de 2011, às 18 horas, na Sociedade Semear, o livro "Lampião em Sergipe", excelente obra do escritor, pesquisador e historiador do cangaço, o decano memorialista de Poço Redondo, Alcino Alves da Costa. Vale ressaltar que este livro contabiliza a oitava publicação que leva o selo de qualidade da Editora Diário Oficial.


Apesar da forte chuva que desabava na capital sergipana o público se fez presente ao evento cultural em excelente número, lotando as dependências da Sociedade Semear, em comprovação do quanto é querido e importante para o cenário cultural sergipano a figura carismática do nosso amigo Alcino Alves Costa, tão amado também por personalidades do mundo jurídico, cultural, artístico, jornalístico, pessoas do povo em geral que ali testemunharam o lançamento de mais essa obra desse magnífico homem da cultura sergipana, em especial da cultura do cangaço.

Absoluta certeza tenho que aqueles que fazem o Cariri Cangaço comandado pelo amigo Manoel Severo, Cariri Cangaço esse que é um dos amores do velho-jovem Alcino que se torna menino nas paragens do Crato e adjacências, também estiveram presentes em pensamento ao evento, como de igual modo, plena certeza tenho que todos que fazem a família Cariri Cangaço gostariam de ter tomado um avião e abraçado o Alcino, pois o Alcino é uma dessas pessoas que possuem almas perfumadas e iluminadas, que atrai amigos, que atrai os bons fluidos, que atrai o bem e o bom, que irradia a luz e o amor.

Falar das 292 páginas da grandiosa obra "Lampião em Sergipe" é imergir nos fatos ocorridos na época do cangaço, é sentir a forte influência do coronelismo e do misticismo nos tórridos sertões, é presenciar o sofrimento e agonia do povo com a seca abrasante e com o descaso do governo da época, é ver o bravo sertanejo sofrer avassaladoramente as consequências do cangaço, as atrozes maldades comandadas por Virgulino Lampião, é imaginar tudo isso, bem discorrido em palavras simples do autor, com vasto embasamento calcado nos muitos anos da sua dedicação a leituras, pesquisas e entrevistas com remanescentes da época, além dos longos anos de andanças pelas veredas por onde percorreu o bando cangaceiro, fazendo o seu rastro no Estado de Sergipe, pesquisa essa, pautada com responsabilidade e fidelidade para com a história numa narrativa sobre esse universo, sem subterfúgios, invencionices, uma obra de destaque que o transportará para o mundo dos imortais, a exemplo das outras antecedentes.

Autor: Archimedes Marques (Delegado de Policia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela Universidade Federal de Sergipe). archimedes-marques@bol.com.br





quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Livros do Nordeste 2

Um dos melhores livros sobre o cangaço é "Guerreiros do Sol", de Frederico Pernambucano de Mello. Sua versão do cangaço - com suas três formas (cangaço meio de vida, cangaço produto de sentimento de vingança, cangaço como refúgio) - é bastante elucidativa. É um livro bem escrito, gostoso de ler, embora isso não tenha prejudicado o estilo e a erudição. Traz informações preciosas sobre o banditismo, notadamente o de Pernambuco. Traz um verdadeiro glossário com o nome dos principais cangaceiros e suas áreas de atuação.
Estrutura: O homem do ciclo do gado e o isolamento sertanejo; Da violência à criminalidade; Cangaço: do endêmico toletado ao epidêmico repelido; De cangaços e cangaceiros: o escudo ético; Secas, agitações sociais e o cangaço como meio de vida; Fronteira e repressão policial; As muitas mortes de um rei vesgo (sobre Lampião).
Trecho significativo (edição utilizada: 4ª edição, A Girafa Editora, São Paulo, 2005. Prefácio de Gilberto Freyre): "No caso de Lampião, por exemplo, as fotografias fornecem excelente confirmação do  modo como ele se insere no sistema de classificação que defendemos. É que tendo enquadrado o capitão como representante do cangaço profissional, por ter sido esta a modalidade criminal que predominou fartamente em sua vida, aceitamos que nos anos iniciais de sua longa carreira ele tenha-se dedicado ao cangaço de vingança, envolvendo-se em ferrenhas disputas contra os Nogueira e José Saturnino, em Pernambuco, e contra José Lucena, em Alagoas, para muito cedo se acomodar, reorientando sua vida na direção do profissionalismo aventureiro, em processo de transtipicidade já comentado. Se examinarmos uma fotografia de Lampião vingador da fase autenticamente guerreira, o veremos absolutamente sóbrio. Ao contrário, o Lampião da década dos 30, da fase profissional em que o cangaço era apenas um meio de vida e os combates, coisas a evitar, enfeitava-se dos pés à cabeça. Nesta, curiosamente as estrelas não apenas apareceram como aumentaram no tamanho no ritmo de sua crescente acomodação. Surgidas no início da década, as estrelas estavam maiores em 1936 e enormes em 1938, ano em que veio a morrer e quando já quase não combatia. [...]"(p. 142).

Cariri Cangaço 2011

Infelizmente não pude participar de toda a programação do III Cariri Cangaço, mas fiquei muito satisfeito em assistir às conferências de Aurora e Barbalha. Como ocorreu nos dois anos anteriores, o evento foi marcante. Boa organização, oportunidade de encontrar os pesquisadores do cangaço, clima de harmonia e de festa, dinamismo, tudo contribuiu para consolidar o Cariri Cangaço como um evento indispensável para todos nós.
Novamente Severo e Danielle estão de parabéns. Aos amigos pesquisadores o meu reconhecimento. Eventos que podem contar com a presença de Antonio Amaury, Juliana Ischiara, Aderbal Nogueira, Ângelo Osmiro, João de Souza Lima, Professor Pereira, Ivanildo Silveira, Antônio Vilela (entre muitos outros) só podem ter muito sucesso. Gostaria de dar um abraço fraternal em todos os que fazem essa grande comunidade a qual, ano a ano, enriquece o nosso Cariri cearense. No meio deles, sou apenas um aprendiz.



Estive no Cariri Cangaço 2011

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Livros do Nordeste-1

Antes de tudo, gostaria de pedir desculpas aos eventuais leitores (será que existe algum ?) pelas demoras na postagens. Passo uma semana nos plantões da Secretaria da Fazenda e lá, naturalmente, não posso escrever no blog. Nas folgas, volto com a mente cheia de ideias.
Gostaria de discutir, com os leitores, acerca dos grandes livros e escritos sobre o cangaço e a história nordestina em geral. Começo pela obra "Cangaceiros e Fanáticos", de Rui Facó.
É um estudo clássico sobre banditismo e religiosidade no Nordeste brasileiro. Com viés marxista, o livro de Rui Facó enfatiza que os grandes desequilíbrios que abalaram a região provieram especificamente da presença do latifúndio e da pobreza material de milhares de pessoas.
A obra foi lançada postumamente em 1963. Anteriormente, o autor tinha publicado apenas alguns textos sobre Canudos.
Estrutura: O Despertar dos Pobres do Campo (Na terceira parte, texto sobre cangaceiros; na quarta parte, texto sobre os fanáticos); Canudos e o Conselheiro; Juazeiro e o Padre Cícero (parte sexta versa sobre o apogeu no cangaceiro e do jagunço no Cariri cearense).
Trecho significativo (edição consultada: 6ª edição, Editora Civilização Brasileira, Edições UFC, 1980, Coleção Retratos do Brasil, volume 15): "[...] E eram eles - cangaceiros e "fanáticos" - os elementos ativos de uma transformação que prepara mudanças de caráter social. Eles subvertem a pasmaceira imposta pelo latifúndio durante séculos, provovam choques de classes, lutas armadas, preparam os combates do futuro. Não são ainda a revolução social, mas são o seu prólogo. São os elementos regeneradores daquela sociedade estagnada, em processo de putrefação. Revivem-na, dão-lhe sangue novo, põem-na em movimento, preparam-na para o advento de uma nova época. São ainda o elemento unificador por excelência de uma região - mais do que o Nordeste, todo um imenso território interiorano - que se desagregava dentro de si mesma, em feudos quase fechados e paralisados" (p. 37)    

domingo, 9 de outubro de 2011

Sânzio de Azevedo

Hoje quero homenagear o grande intelectual cearense Sânzio de Azevedo. Professor da UFC, é um dos maiores especialistas em Literatura Cearense. Tive o prazer de conhecê-lo no lançamento do livro "Arautos do Catolicismo", do amigo Edwilson Freire Chaves. O professor Sânzio, mesmo sendo um dos maiores nomes de nosso meio cultural, é uma pessoa simples e atenciosa. A bibliografia cearense se enriqueceu deveras com o lançamento do seu novo livro sobre o movimento artístico da Padaria Espiritual. Sânzio confessou ter se emocionado com o descobrimento de novas fontes sobre o expressivo movimento literário que se desenvolveu no Ceará dos últimos anos do século XIX (as atas das reuniões ou "fornadas" como se dizia) e não descansou enquanto não escreveu o livro com todas as revelações esperadas pelos pesquisadores da Literatura. O aparecimento do livro, na verdade, é um verdadeiro marco para a nossa vida cultural. Não pude ir ao lançamento, na Livraria Cultura, mas aguardo ansioso o fantástico livro!

sábado, 8 de outubro de 2011

Cariri Cangaço 2011

No último Cariri Cangaço, encontrei os amigos pesquisadores, entre eles Vilela (Garanhuns-PE), Manoel Severo  (Crato-CE) e Alcino Costa (Poço Redondo-SE). Confiram:
Lembrando aos interessados:
As seguintes obras estão disponíveis para venda:
A Misteriosa Vida de Lampião, 30 reais;
Estudos de História Jaguaribana, 30 reais; (já incluídas despesas com correio).
Os contatos devem ser para o e-mail: cicinato.neto@sefaz.ce.gov.br.

Notícia de jornal

Em janeiro de 2009 foi publicada no "Diário do Nordeste", de Fortaleza, reportagem sobre a publicação de "A Misteriosa Vida de Lampião, do escritor Cicinato Ferreira Neto. Acompanhe:

Livro reúne versões sobre a vida de Lampião


4/1/2009

Historiador Cicinato Ferreira Neto, de Tabuleiro do Norte, faz cronologia da vida do Rei do Cangaço


Tabuleiro do Norte. Lampião, desbravador das paragens da Caatinga sedenta, ou da paz alheia; se herói ou bandido, sorumbático ou o homem que amava as mulheres, se vítima ou vilão é, sem dúvida, mito. O ano de 2008 arredondou marcos na vida do cangaceiro, como os 80 anos da passagem por Limoeiro, fugido de Mossoró, e os 70 anos de sua morte, narrativas cheias de controvérsias. Muitas vezes, não se escreve sobre Lampião: escolhe-se a versão que seja mais simpática e se tece a narrativa. Mas o historiador Cicinato Ferreira Neto, num trabalho histórico e jornalístico, reuniu todas as possíveis versões até agora e fez de “A Misteriosa Vida de Lampião”, um diário de pesquisador em torno da vida do “Rei do Cangaço”.


Assim rege o bom jornalismo: reunir versões, narrar os fatos, não se sentir dono da verdade e deixar que o leitor tire suas conclusões, ou, se não dá para concluir muita coisa sobre Lampião, que amadureça as suas impressões. “A Misteriosa Vida de Lampião” permite conhecer a trajetória do cangaceiro segundo versões de diferentes pesquisadores de variadas publicações. Mas é seu autor quem organiza a narrativa.


Sem fazer juízo de valor – somente de si, ao transmitir nas entrelinhas seu ar de incompletude frente ao mundo de informações sobre Virgulino Ferreira da Silva, Cicinato Ferreira Neto foi aguçando a curiosidade de criança, quando ouvia falar do cangaceiro.

Roteiro da pesquisa

Como bom peregrino do conhecimento, viajou pelos “territórios de Lampião”, lugares onde fez graça e desgraça, visitou museus, residências, universidades, cemitérios, e revisitou as impressões que tinha sobre o nordestino matador com pouco estudo, mas, supostamente, autor de frases curtas e grossas.

Mas quem foi Lampião, além de o destemido (opinião) e temido (fato) cangaceiro que escreveu na ponta da faca ou do cano de metralhadora parte da história do sertão nordestino de meados do século XX? Foi devoto de Padre Cícero, inimigo e aliado das forças instituídas, personagem vivo de crônicas jornalísticas? Ainda teve a morte anunciada, e como última imagem a foto de sua cabeça, sem corpo ou bandeja, posta no chão e exposta para que não restassem dúvidas sobre sua morte? Será?

“A Misteriosa Vida de Lampião” compõe-se de 18 capítulos, na prática, atos cronológicos. Dos primeiros anos de vida até a sua morte, não sem antes narrar muitos fatos da entrada do cangaço às perseguições dos volantes, a força policial instituída em combate ao poder paralelo de Virgulino.

Datas distintas

As controvérsias em torno do que é história ou especulação começam, literalmente, do começo, de quando nasceu o filho de José Ferreira e Maria Vieira da Soledade. “Nasceu no antigo município de Vila Bela, hoje Serra Talhada, Estado de Pernambuco, no período que vai de 1897 a 1900”, escreve. O período se justifica pela confusão entre as datas de nascimento: se 7 de julho de 1897, 4 de julho de 1898, 12 de agosto de 1897 (essa, a data do registro civil), junho de 1899, 12 de fevereiro de 1900 (segundo o próprio Lampião).

Quanto ao Cangaço, a confusão não é só entre datas, mas principalmente da motivação imediata para o ingresso em bandos. Sabe-se da rixa entre os Ferreira e os Alves de Barros, que até virou caso de polícia. O autor confronta fatos: o pai de Lampião, José Ferreira, foi morto por tropas policiais. Virgulino jurou vingança a Zé Saturnino e José Lucena, um oficial. Lampião, em bando, junta-se ao de Sinhô Pereira e dos Porcino. A morte do pai é considerada divisor de águas – e de desvio moral de Lampião. Mas questiona-se se é causa ou consequência, se foi antes ou depois do ingresso no Cangaço.

As 294 páginas de “A Misteriosa Vida de Lampião” somam-se às milhares já escritas sobre história, vida, morte e ressurreição (como mito) da figura do cangaceiro. Mas tem faro histórico e jornalístico. Conforme o autor, natural de Tabuleiro do Norte, não se trata de biografia nem de ensaio acadêmico, mas, sobretudo, de uma cronologia de Lampião.

O leitor curioso entende “o papel das forças perseguidoras, a relação dos cangaceiros com as mulheres, a medicina no Cangaço, a religiosidade, as alianças com os poderosos, os apelidos, os principais inimigos, entre outros temas curiosos”, convida Cicinato Ferreira Neto, em seu terceiro livro – os outros são “Estudos de História Jaguaribana” e “A Tragédia dos Mil Dias”. O prefácio é do professor doutor José Olivenor de Sousa Chaves, do curso de História da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos (Fafidam), de Limoeiro do Norte.

Apesar da violência no Vale do Jaguaribe, por vezes lembrando o período do Cangaço, Lampião não deixou seguidores, mas, verdadeiramente, perseguidores de sua história. De mito a motivo para se conhecer as entranhas da formação socioeconômica e cultural do Nordeste do século XX.

MELQUÍADES JÚNIOR

Colaborador



APRENDIZADO


"Separar a verdade da mentira constitui-se tarefa das mais difíceis no que tange a saga dos cangaceiros"

Cicinato Ferreira Neto

Autor do livro



Mais informações:

A misteriosa vida de Lampião

Editora Premius

Cicinato Ferreira Melo

(88) 3424.2019

Preço médio: R$ 20,00





reportagem


ALEX PIMENTEL

O sofrimento vivido pelos cearenses de 1877 a 1879 é relembrado, em livro, pelo historiador Cicinato Ferreira Neto



Limoeiro do Norte. Uma tragédia orquestrada pela natureza no sertão quente, seco, de chão batido e rachado; milhares de mortos numa das maiores secas que assolaram o Ceará; corrupção política de uns, desviando dinheiro destinado a alimentos; muita fome e indigência da grande maioria, clamando o socorro muitas vezes em vão. Milhares de mortes. Uma tragédia nos anos de 1877 a 1879 que assolou o Ceará e pouco comoveu o próspero sul do Brasil. O evento é documentado no livro “A Tragédia dos Mil Dias”, do historiador Cicinato Ferreira Neto, de Tabuleiro do Norte, no Vale do Jaguaribe.



“Vamos levar ao conhecimento de V.Excia. o estado miserável a que se acha reduzido o pobre povo desta localidade quase todo a morrer de fome por falta do pão da caridade, além desta maior parte acometida de inchações, e o grande número destes sendo vítimas por falta de viveres que se dê o menor alimento. Faz horror tanta calamidade em uma quadra semelhante. É lamentável tantos desvalidos que saem pelas portas pedindo algum socorro a ver se salva a vida e não encontra o menor recurso, e dali a poucos minutos vão ser sepultados”. O excerto do livro é um trecho de carta enviada da antiga vila Tabuleiro de Areia (atual Tabuleiro do Norte), distrito de Limoeiro,ao presidente da província cearense.



Os anos de 1877-78 tiveram índice de chuvas de lamuriosos 473mm e 580mm, respectivamente, numa terra semi-árida que aguarda um inverno “sustentável” com pelo menos 1.500mm. Valendo-se centenas de documentos do Arquivo Público do Ceará, Biblioteca e Instituto do Ceará, de material recolhido em cartórios e dioceses no Interior, Cicinato Ferreira evidencia a crise de abastecimento, desespero e súplica do cearense. O quadro de miséria que assolava a população era tão comovente que, para eventual descrédito do leitor com informações que pareçam exageradas, o historiador publica as cartas da época, com padres pedindo providências.



Os jornais da época, como O Cearense e Pedro II, digladiavam a opinião pública do povo que sabia ler. Em início de 1877, as súplicas correspondidas do Interior eram consideradas sensacionalistas pelos donos do poder, que não acreditavam que houvesse um estado tão catastrófico em uma região que deveria ser “deserta” – o próprio romancista e jornalista José de Alencar afirmou que “há incontestavelmente muita exacerbação”, referindo-se aos relatos da miséria cearense. Só com a insistência de cartas foi dado crédito necessário às lamúrias pelos governantes.



Criadas comissões de combate à seca no Interior do Ceará, essas não davam conta das necessidades dos flagelados. Para piorar, muitas eram corruptas, desviavam dinheiro, abasteciam a si próprias com o alimento que seria para o povo, alimentando aquilo que mais tarde se convencionaria “indústria da seca”. Políticos se aproveitavam da miséria, posavam de salvadores da pátria, abasteciam as urnas eleitorais com o estômago vazio da população.



Convergência



Ponto de convergência de levas de imigrantes, Aracati chegou a registrar mais de 400 óbitos de fome num só mês. Este número refere-se aos enterros no cemitério da cidade. Outras centenas eram enterradas em valas comuns, como indigentes.



Cicinato, que em 2003 publicou “Estudos de História Jaguaribana”, reúne pesquisas de outros estudiosos que, para serem encontradas, poderia desestimular o leitor comum. Como quando cita o cearense Rodolfo Teófilo, o “cronista da seca”. Este relata a saga de duas cearenses da antiga vila de Limoeiro, atual Limoeiro do Norte. Depois de perderem gado, terras e o pai, as irmãs Ignácia e Francisca de Sales andaram dezenas de léguas emigrando da seca, levando a mãe paralítica numa rede estendida nas mãos. “Assistimos a sua chegada àquela povoação. Era um quadro que comovia”. Imagine-se quão comovente foi a emigração delas.



A seca no Ceará não é novidade para o cearense. Mas a última seca cearense no Brasil imperial não teve a mesma repercussão que a seca de 1915, documentada por Rachel de Queiroz. Existem pouquíssimas publicações sobre o Ceará de 1877-1879, uma história trágica que o Brasil desconhece.



Melquíades Júnior

Colaborador



Pesquisa

Cicinato Ferreira Neto



Ele, 37 anos, é servidor na Secretaria da Fazenda do Ceará. Graduado em história, é pesquisador do Arquivo Público, Biblioteca Pública Menezes Pimentel e Instituto do Ceará. Preço médio do livro R$ 20.

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Notícia de jornal sobre livro "A Tragédia dos Mil Dias"

Em 2006, foi publicada matéria sobre a publicação do livro "A Tragédia dos Mil Dias: a seca de 1877-1879 no Ceará", de Cicinato Ferreira Neto. Confira em diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=408050Em cache - Similares


Reunião do GECC

Na primeira terça feira do mês de outubro de 2011, realizou-se na Livraria Saraiva, do Iguatemi, em Fortaleza, reunião do GECC (Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará), do qual faço parte. Os amigos Manoel Severo e Ângelo Osmiro repassaram alguns informes importantes: O Cariri Cangaço se consolidou como grande evento cultural e, no próximo ano, vislumbra-se a possibilidade de incluir no roteiro as cidades pernambucanas de Exu e Serrita; Estuda-se a possibilidade de fazer um Cariri Cangaço fora de época, com visitas aos municípios de Brejo Santo, Jardim e Lavras da Mangabeira.
Manoel Severo também falou que fará exposição, junto ao Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, sobre o Cariri Cangaço. O objetivo é divulgar os temas de nossa cultura nordestina no exterior.
Em seguida, foi apresentado um filme sobre o evento que se realizou no período de 20 a 25 de setembro, no Cariri.
Os membros do GECC foram incentivados a dar sugestões sobre todos os temas, inclusive quanto à temática para 2012. Os problemas mais mencionados pelos presentes foram: falta de maior participação dos membros na realização de qualquer iniciativa referente aos eventos; falta de verba para garantir os deslocamentos; falta de maior entrosamento com as universidades e escolas; No tocante às temáticas, falou-se muito sobre o centenário de Luiz Gonzaga que, naturalmente, não pode ser esquecido.

Cariri Cangaço 2011

O Cariri foi invadido pelos "cangaceirólogos" de todo o país. No período de 20 a 25 de setembro de 2011, realizou-se o 3º Cariri Cangaço, nas cidades de Juazeiro do Norte, Crato, Barbalha, Missão Velha, Barro, Aurora e Porteiras.
Infelizmente, não pude participar de todo o evento. Mas tive a felicidade de participar de duas conferências. A primeira, realizada em Aurora, no dia 21, capitaneada pelos pesquisadores José Cícero e Bosco André, teve como tema a trama de invasão de Mossoró pelos cangaceiros de Lampião no longínquo ano de 1927. Como se sabe, Lampião partiu de Aurora para invadir a grande cidade potiguar. No dia 22, no teatro Nelory Figueira, em Barbalha, realizaram-se as conferências: Literatura do Cangaço, com Ângelo Osmiro, e Cangaço em Fotos, com Ivanildo Silveira.
Como se esperava, as conferências empolgaram os verdadeiros amantes do tema do cangaço, embora não tenham despertado um forte interesse na população em geral. Na minha opinião, o que falta é tempo para garantir participação do povo em geral nos debates que, com certeza, são imprescindíveis em relação a assuntos dessa natureza. Nem mesmo os aficcionados puderam participar. Os palestrantes também sentem-se tolhidos pela falta de tempo. São coisas que precisam ser repensadas nos outros anos, nos outros eventos.
Observa-se, em cada ano, uma certa rivalidade entre alguns conferencistas. Isso entristece cada um de nós, pois o que parece prevalecer é a vaidade, a vontade de alguns pesquisadores de demonstrar ter a posse da verdade absoluta sobre um determinado assunto.
Isso, porém, é o de menos. O Cariri Cangaço já se consolidou como um evento de grande relevância cultural para a região caririense e para o Ceará.