Saiu na Imprensa

Vejam o que os jornais falaram sobre a publicação das obras de Cicinato Ferreira Neto. acesso em http://diariodonordeste.globo.com/m/materia.asp?codigo=603399

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=408050



segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Livros do Nordeste - 4

Em 1970, surgia, em inglês, a obra "Miracle at Joaseiro", do americano Ralph Della Cava. A primeira edição brasileira, com a tradução de Maria Yedda Linhares, é de 1976. "Milagre em Joaseiro" é um livro clássico sobre o fenômeno do messianismo em Juazeiro do Norte e foi  produto de pesquisas realizadas no Cariri dos anos 1960. É uma obra que mescla biografia e estudo social, político e econômico do Vale caririense. Pela agudeza e profundidade de suas colocações, inclusive quanto ao papel do padre Cícero, tornou-se um livro obrigatório para os que se interessam pela história do Nordeste brasileiro e pela figura carismática do Patriarca de Juazeiro.
Estrutura: As origens sociais do milagre; O conflito eclesiástico; Da religião à política; Padre Cícero ingressa na política; Joaseiro pede autonomia; Cariri quer o poder estadual; Joaseiro no plano nacional; O patriarca e a Igreja; Os últimos dias.
Trecho significativo (edição utilizada: 2ª edição, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985):
"Na medida em que a economia moderna estendia seus sistemas de produção, salário, crédito e bancos em áreas até então adormecidas, coube ao Patriarca procurar impedir que algumas das consequências 'negativas' deste processo destruísse a ordem social. No Nordeste, uma nova onda de banditismo profissional era apenas um dos sintomas da adaptação fortuita da região à economia capitalista moderna. Diferentemente do banditismo político e remunerado, que fora criado e protegido pelos coronéis antes de 1914, o banditismo profissional dos anos 20 se caracterizou pelo surgimento de pequenos bandos de homens desgarrados, cuja liderança era entregue a um dos seus próprios membros. O arquétipo do cangaceiro moderno foi o Robin Hood brasileiro Antônio Virgulino Ferreira, o célebre Lampeão. Respeitando, por vezes, as classes mais pobres, sua carreira de revolta e de destruição em grande escala da propriedade provocou o terror em todas as classes - chefes do sertão e autoridades governamentais. Antes de Lampeão e de outros do mesmo gênero (cuja importância na história social moderna do Brasil ultrapassa os limites do presente livro), o Patriarca pregava contra o emprego da violência e recomendava o arrependimento. Quando Lampeão e seu bando entraram em Joaseiro, em 1926, presumivelmente a convite do dr. Floro para auxiliar a combater a coluna Prestes, a imprensa das cidades do Nordeste aproveitou-se da ocasião para castigar o padre Cícero com a acusação de 'protetor de bandidos'. O padre, porém, replicou que o seu único interesse estava em convencer Lampeão e seu bando a abandonarem o caminho errado e retirarem-se para o interior do mato Grosso, onde poderiam ser agricultores e recomeçar uma vida honesta.
Os conselhos pacifistas do Patriarca só eram levados em consideração em tais casos extremos de desordem social. Por esse motivo, o clérigo instou, pessoalmente, pela criação, no final da década dos 20, de um batalhão do exército em Joaseiro. Objetivava com isso manter a paz e alistar no serviço militar os elementos mais recalcitrantes da sociedade sertaneja. Floro, que em 1914 e ainda alguns anos mais tarde pediu em pessoa a prisão de vários bandidos profissionais que se tinham infiltrado em Joaseiro, foi quem melhor sintetizou a ação eficaz do padre Cícero em prol da sociedade conservadora em transição. Na defesa que fez do Patriarca perante a Câmara Federal, em 1923, foi o discurso de Floro interrompido, várias vezes, pelos deputados, que reforçavam a impressão que Floro procurava transmitir: 'O padre Cícero é um elemento de ordem naquele sertão... Sem ele, o governo não poderia manter a ordem ali; esta é a verdade'."   

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