Estrutura: A morte de Lampião; A terra de Lampião; Relato sobre Mossoró e Jararaca; Lampião em Capela-1929; Lampião em Capela-1930; Mané Neto; Lampião e Padre Cícero; Coiteiros; Dadá e Corisco; Outros cangaceiros.
Trecho significativo (edição utilizada: Traço Editora, São Paulo, 1982, p. 53): Sobre Mané Neto, um dos maiores adversários de Lampião: "Magro, alto, elegante, to do vestido de azul-celeste, lá está o coronel Mané Neto. Se não fosse aquele Taurus 38, cano médio, na cintura, ele poderia ser definido como um velhinho simpático e indefeso. Indefeso, jamais: quando me aproximei dele, um tanto bruscamente, brecando o carro a poucos metros, a mão (fina, delicada) do coronel ameaçou puxar o Taurus da cartucheira. Mas um grito - 'É jornal, coronel! É do jornal!' - guardou os reflexos do coronel para outra ocasião. Mas ele ainda desconfiou:
- Abra a porta do carro, meu filho. Vamos, desça, venha cá. Devagar.
A voz é pausada, suavíssima, é quase uma sonata. Vamos manter o simpático na definição do coronel. Ou melhor: vamos chamá-lo de encantador. Mesmo quando ele, escudando-se em desculpas gentilmente, diz que não vai falar de homens sagrados, cabeças cortadas, atrocidades de um modo geral. Não, ele não vai falar de jeito nenhum sobre a fama dele: o mais feroz e destemido caçador de cangaceiros de que já se ouviu falar. A opinião - de ex-cangaceiros e policiais da época - é unânime. O próprio Lampião dizia dele: 'Se os macacos vier sem Mané Neto é como se não fosse nada'. Ou: 'Se Mané Neto chegou, precurem sarvar metade da vida que a outra já foi'. Os cangaceiros sobreviventes chegam a fazer caretas quando se toca no nome dessa gentil criatura. Segundo eles, Mané Neto jamais poupou a população civil que, supostamente, não lhe queria dar a direção de Lampião. Os colegas de Mané Neto elogiam a sua bravura, sem cair em detalhes".
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